quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O IMPERIALISMO NO CONGO BELGA

"No século 19, o rei Leopoldo II, da Bélgica, recebeu o Congo como sua propriedade privada, pessoal – uma superfície de quase 2,4 milhões de quilômetros quadrados. O Congo foi um grande provedor de borracha. Leopoldo II exigiu de cada pessoa que extraísse uma determinada quantidade de látex. Se essa quantidade não fosse atingida, a pessoa tinha a mão cortada. Com todas as infecções e hemorragias, 10 milhões de congoleses morreram. Em 1960, quando o país conquistou a independência, o mesmo governo belga não aceitou a perda das minas de Katanga e deflagra uma guerra de secessão dessa região.


O conflito atual

A guerra que recomeçou hoje e já dura mais de 10 anos é também pelas riquezas do Congo. Não há grupos que queiram controlar o território, não é uma guerra entre tribos, raças, religiões ou mesmo etnias. É uma guerra pelo controle das minas de coltan e de cassiterita, minérios utilizados na fabricação de telefones celulares e nos laptops. Há multinacionais interessadas em obter esses minerais. Classifico-a como uma guerra inútil, porque é possível obter essas matérias-primas sem assassinar e vitimizar mulheres e sem destruir a população local. Da maneira como a guerra ocorre, é uma guerra para destruir a comunidade local e criar um espaço em que os grupos armados exploram o coltan e a cassiterita sem controle e os exportam para o mercado mundial. Mais de 5 milhões de congoleses foram mortos, mulheres foram estupradas e mutiladas diante de seus maridos e filhos. Há mais de 2 milhões de deslocados.


As mulheres

  As mulheres são as principais vítimas da guerra porque a violação, a mutilação e a destruição do aparelho genital delas são utilizadas como uma estratégia de guerra. É uma estratégia porque é utilizada de forma deliberada. Destruir o aparelho genital das mulheres, que são o pilar da família, sem matá-las, diante dos maridos, dos filhos e dos vizinhos, é uma forma de destruí-las não apenas fisicamente, mas também psicologicamente, e a seus maridos e filhos. É uma maneira de destruir o tecido social, de destruir todos os valores, de desorganizar uma sociedade que já não era tão organizada.” Médico congolês Denis Mukwege



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